Diversidade é uma palavra tão interessante e ao mesmo tempo tão complexa que muitas pessoas ainda não entenderam o real significado dela. Quando falamos de diversidade social, hoje, é porque, em tempos passados, houve uma desigualdade social tão grande que fez com que atualmente a temática seja abordada por diversas pessoas. Quando falamos de “diversidade” estamos falando de “inclusão”, que são duas palavras que estão atreladas. O fato de não sermos educados lá no contexto histórico, social e familiar para conviver com o que é diferente, quando nos aproximamos dessas diferenças, seja através da tecnologia que nos aproxima, as redes sociais, no ambiente de trabalho através de uma lei de acessibilidade, muitas vezes não compreendemos ou não sabemos como lidar com esta diversidade. Mas afinal, o que é ser diverso?
Somos todos diversos, possuímos características sejam elas físicas, biológicas, sentimentais que definem quem somos, mas também nos diferenciam dos demais. Hoje podemos dizer que temos duas perspectivas sobre diversidade: o discurso de lideranças e empresas que definem a diversidade como inovação, gerar resultados, produtividade entre outros. E do outro lado as pessoas que militam pela diversidade porque, de fato, são pessoas que sofrem preconceito e que levantam a bandeira porque convivem com essa realidade diariamente.
Quantos de nós já estudou ou conviveu na sua infância com cegos, surdos, autistas ou com pessoas com deficiência física ou cognitiva? Bom, estas crianças geralmente estudam em escolas especiais e mais tarde nos encontramos com estas diferenças no mercado de trabalho devido a uma lei de cotas que faz com que nos reencontramos com estas pessoas e a gente volta a se deparar com uma diversidade que é tão diferente de nós, e que não tínhamos um contato na escola, nem na sociedade que nos leva a questionar, como se aproximar de uma pessoa surda se eu não sei me comunicar em Libras? Como me aproximar de uma pessoa cega se eu não sei transcrever uma imagem, não sei escrever em Braile, por que as bengalas têm cores diferentes e o que é o piso tátil? E quando pensamos neste contexto inclusivo, as diferenças acabam por se tornar em barreiras e impedimentos.
A diversidade humana sempre existiu e a história revela a difícil convivência entre a sociedade e os ditos diferentes. Hoje vivemos em uma sociedade que pressupõe liberdade e igualdade de direitos, mas o que ainda nos leva a classificar pessoas e produzir hierarquias e diferentes atribuições de valores? É preciso refletir sobre novas noções de normal e patológico, certo e errado em busca de um valor da diferença em um mundo compartilhado.
"Autonomia é a garantia da dignidade de todo ser humano. Ela não depende do corpo que tenho, mas depende do lugar em que vivo. Todo deficiente pode ser autônomo se viver em ambientes que propiciem esta autonomia."
"Não podemos modificar as características dos sujeitos, mas podemos preparar os ambientes para recebê-los."
Muito se fala em cultura da inclusão, mas acredito que a inclusão não seja uma cultura e sim um comportamento como é o respeito e a ética. Pois hoje podemos compreender que não necessitamos de uma semana da ética e do respeito para trazer a importância de conviver em sociedade, mas ainda precisamos da semana de Conscientização para a Inclusão, "as tão importantes Semanas da Pessoa com Deficiência".
Será que chegaremos ao dia em que a sociedade não precisará de ações de conscientização que tragam a importância da inclusão, da empatia e do respeito? Então estaríamos em um mundo ideal.
"Se termos um comportamento inclusivo, nosso ambiente torna-se inclusivo, então teremos uma cultura da inclusão."
Miriam Freitas
Diretora Modo Bilíngue
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